No dia 8 de Março ocorreu no auditório 1 do Centro de Artes a defesa do Trabalho de Conclusão de Curso do acadêmico Ítalo Franco Costa, com orientação da professora Drª Cláudia Mariza Mattos Brandão e banca da Professora Drª Helene Gomes Sacco (CA/UFPel) e do Professor Dr. Alexandre Vergínio Assunção (IFSUL - Pelotas).
A pesquisa intitulada A Jornada do Professor Herói: Uma Metáfora Possível Para a Formação Docente tinha como prerrogativa:
A partir da observação dos desafios que a profissão docente
enfrenta no Brasil, juntamente com a narrativa fantástica, que sempre esteve
comigo através de livros e jogos de Role Playing Game, unindo-se com a minha
formação como arte/educador, penso através dessa pesquisa que muito da formação
do professor tem de semelhante com as histórias de heróis da mitologia, mas não
aquelas onde os heróis são onipotentes e cartesianos, mas sim aquelas que
possuem protagonistas com defeitos e falhas, e por isso a história de formação,
vista dessa maneira, perpassa valores que tocam a formação humana e que dão
origem a esta monografia. Trata-se de uma investigação qualitativa, de cunho
narrativo autobiográfico, qualificada como uma pesquisa (auto)biográfica,
explorando os conceitos de formação experiencial, trazido por Marie-Christine
Josso (2004) e fato biográfico de Christine
Delory-Momberger (2008). O estudo parte do questionamento: É possível
analisar a formação docente relacionada à “Jornada do Herói”, tal qual descreve
Joseph Campbell? Se sim, estará tal jornada associada à própria formação
humana?
Dessa forma busco refletir sobre os sistemas de educação que estruturaram
a minha formação básica e os desafios do arte/educador em meu processo de
formação, discutindo através de minhas memórias os processos de aprendizado e
amadurecimento que adolescentes, heróis/educadores, passam durante sua
formação. Para isso uso a estrutura do Monomito criado por Joseph Campbell
(2007) como metodologia para estruturar uma narrativa de meus Momento-Charneira
(JOSSO, 2004) como etapas da Jornada do Herói. Dessa forma busco colocar o
professor como agente de sua própria história e refletir sobre toda formação
ser (auto)formação, e que estamos sempre aprendendo ao longo da vida. Como resultado
dessa reflexão vejo a importância de revisitar as memórias de si como uma
potência criadora e principalmente emancipadora, onde (re)construímos nossa
identidade e (re)pensamos nosso local no mundo. Para finaliza utilizo o livro
de artista, como modalidade de expressão para trazer a discussão para o campo
da arte, me aproveitando de diferentes técnicas para apresentar o discurso que
serve de complemento para a parte teórica e vice-versa.
(Autorretrato, 2017)
No livro de artista estão presentes autorretratos do autor realizados ao longo de seus anos no curso de Artes Visuais - Licenciatura, narrando poeticamente e demonstrando sua evolução técnica durante o curso, através de representações de si, os modos como se percebeu durante a sua estada em Pelotas. Narrando também sobre sua trajetória no PhotoGraphein - Núcleo de Pesquisa em Fotografia e Educação, que não poderia ficar de fora da história, sendo o Ítalo bolsista de Iniciação Científica (PIBIC) por duas vezes, com algumas pesquisas publicadas. Uma delas, escrita em 2016, intitulava-se A Potência Discursiva do Autorretrato na Pós-Modernidade, o qual:
Tem como objetivo apresentar resultados
parciais de pesquisa realizada junto ao PhotoGraphein – Núcleo de Pesquisa em
Fotografia e Educação (UFPel/CNPq), discutindo o autorretrato como mote para a
reflexão acerca da “crise de identidade” apontada por Stuart Hall, e as
práticas de divulgação da autoimagem na contemporaneidade e suas reverberações.
Para tanto, serão analisadas imagens produzidas pelo pesquisador e alguns
retratos de Luis XIV, o Rei Sol, da França, buscando relacionar suas potências
discursivas e os indicativos da fragmentação identitária dos indivíduos
contemporâneos. As analogias que se estabelecem entre o passado e o presente
resultam de inter-relações entre as imagens, que acionam o imaginário do
observador, destacando a importância da fotografia como mediadora de processos
reflexivos (trans)formadores.
(Selfie, 2017)
Ao longo deste artigo foi analisado como as nossas representações, nesse caso nas redes sociais, é uma persona que não necessariamente nos representa (como as pinturas que representavam o rei Luís XIV). Na imagem acima, por exemplo, o uso do filtro da bandeira LGBT sobre a sua foto de perfil poderia indicar a intenção de ser "melhor visto", ou de se enturmar em um grupo de pessoas, sem que necessariamente apoie as pautas da causa. Portanto, o estudo acerca da representação da autoimagem em nossa sociedade pós-moderna colaborou para o desenvolvimento da poética presente nos autorretratos apresentados no Trabalho de Conclusão de Curso, representando uma maior consciência acerca dos juízos de valor que criamos a partir das imagens, possibilitando um processo de (re)elaboração identitária tornando o pesquisador autor de sua própria história.
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