Em meio às manifestações de fé, religiões, escorpiões, águas vivas, praia, “Zé Meco” e de 200 habitantes, o Photographein passou o período entre 1º e 4 de fevereiro de 2013 no município de São José do Norte/RS. O objetivo foi o de fotografar os ritos religiosos ocorridos na cidade, em homenagem à Iemanjá e Nossa Senhora dos Navegantes (conforme o entendimento das crenças umbandista e católica), dando início ao projeto artístico que o grupo desenvolverá em 2013, o “Estéticas da Fé”.
Ficamos hospedados na praia Mar Grosso, na casa do artista falecido Zé Meco – famoso pintor e escultor Nortense. Deparamo-nos com várias de suas obras na casa, que se encontra em lastimável estado de abandono, que por si só já é um objeto interessante para fotografia e pesquisa.
Na noite de sexta feira (01/02) foram iniciados os ritos, na praia do Mar Grosso, onde os Centros Espíritas montaram suas tendas. Os mesmos chegavam à praia com a imagem da entidade em um barco, enfeitada e acompanhada de uma procissão de “carros fiéis”. As homenagens aconteceram na beira-mar, onde várias pessoas se agrupavam para acompanhar. O evento é de tamanha magnitude, que a noite em que acontece é considerada a mais movimentada do ano naquela região. Fato que constatamos, comparando a movimentação intensa desse dia com a dos demais, nos quais não encontrávamos com muitas pessoas circulando no local.
No sábado à tarde (02/02) foi à vez dos católicos fazerem a sua festa. Celebrada com missa na Igreja Matriz de São José do Norte, cuja construção data do final do século XIX, aconteceu a procissão marítima liderada pela embarcação que carregava a imagem da Nossa Senhora dos Navegantes através das águas da Laguna dos Patos, acompanhada por muitos barcos de diferentes envergaduras. A imagem sai da igreja local, percorre as águas da Laguna e retorna em procissão a pé pelo centro da cidade de volta à igreja. Tal evento se expande para além da religião, pois é motivo da mais intensa movimentação do ano. O que de fato foi uma surpresa para nosso grupo, que se deparou com rodas de samba, de capoeira, comércio de rua e lojas abertas.
Os rituais propiciaram um rico e vasto tema para as fotografias e pesquisas do grupo, que em breve, terão continuidade e aprofundamento. Além disso, foram momentos especiais de convivência e aprimoramento das relações interpessoais, expandindo os horizontes da pesquisa acadêmica para o âmbito da formação humana.
Texto de Diana Silveira
Fotografias de Cláudia Brandão, Daniel Corrêa, Diana Silveira, Elisandra Campos, Esther Cordeiro, Gustavo Reginato, Xênia Velloso e Amanda Corrêa.
